Desistir de todas as coisas que mais se quis na vida não é algo fácil, ver sonhos, desejos, vontades, tudo caindo um a um como se fossem pequenos cristais enfeitando um corredor imenso e vão se quebrando a cada passo, você olha pra trás e vê apenas cacos, nada mais restou de toda sua caminhada até então. Olhar para a frente te desanima por pensar quantos mais ornamentos quebra-se-ão enquanto você passa? Será que restará algum?
Maldito corredor sem fim, malditos os barulhos dos estilhaços, lembrando de seu interior. Antes a escuridão que não lhe permite enxergar, do que a luz que lhe permite ver cada fracasso. Bofes de ar soltos ao acaso, resultado do cansaço... caminho longo esse que você escolheu, corredor infindo....
O eco de sua voz ressoa por entre as paredes infinitas, tons de vermelho é o que se vê, cor de dor, ressaltando o sofrimento, as lágrimas, a morte da esperança de outrora. Gritos ocultados pelo travesseiro, por maior que seja sua força, as feridas um dia podem te consumir... cicatrizes sim, o sangue escorrendo enquanto se tenta caminhar não.
Cheiro de morte, é o que se sente. A boca lamuriosa implora por um fim, fim do mundo, fim da vida, fim da dor... Tentar entender aquilo que não se explica, pedir respostas a quem não se pode ouvir, chorar e caminhar sem resposta. De olhos fechados pode-se saber o que o coração tenta dizer, como se apenas assim pudesse ouvi-lo. Ele chora, pede ajuda, diz estar cansado de conformidades, diz que gostaria apenas de desejar muito uma coisa, mas tanto que toda sua esperança seria renovada, que o folego que hoje falta seria banal mais tarde, que apenas o desejo fosse todos os motivos de seu sorriso e que não mais lhe obrigasse a desistir, deixar de lado ou esquecer aquilo que tanto se ama.
Pobre coração, que ainda anceia por um potinho de esperança nesse imenso corredor, acha que um dia vai encontrar seu fim, que em algum momento verá um cristal inteiro, terá algo pra se orgulhar nessa vida mesquinha!
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